À mesa de um restaurante dois amigos debatem a situação social de um deles que diz paradoxalmente que se tornou banqueiro por que é anarquista politicamente. O absurdo da situação, a falta de teatralidade e o devaneio mental deste personagem, conduzem-nos perante um retrato de vida do qual a maior parte dos ouvintes conhece, ou por experiência própria ou por proximidade familiar. É a evolução clássica de um ponto da escala política, até ao seu oposto, no decorrer de uma vida, tão comum nos nossos políticos e porque não também em alguns dos mais conhecidos membros da nossa finança e economia. O desenrolar da história tem muitas semelhanças e reverberações com os reality shows actuais ou os programas confessionais onde se tece a biografia pessoal em termos mais ou menos fantasiosos.

Próximas Actuações


TeatroCine em Torres Vedras dia 30 de Janeiro de 2010.

Teatro Municipal da Guarda, dia 5 de Fevereiro de 2010.

Centro Cultural Vila Flor em Guimarães,dia 13 de Fevereiro de 2010.

Local a definir no Porto,em Maio- Junho de 2010.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Estreia - Folha de Sala



10 de Dezembro de 2009, na sala principal do Teatro Maria Matos, em Lisboa

De cada vez que faço uma folha de sala para um espectáculo que levou alguns meses a realizar, sinto que, de algum modo, me estou a trair.
Os protocolos que institucionalizam "o espectáculo" fazem-me ceder a criar esse objecto que é uma espécie de explicação do que fazemos, para que se perceba melhor o que fizemos, pois, parece que é um dado adquirido que o espectáculo dificilmente se explicará por si próprio.
Que dizer então? Que acrescentar mais ao que já está dito e feito e que vocês irão presenciar?
Poderia dizer que é um texto de Pessoa muito interessante e blá blá blá.
Que se relaciona com o tempo que vivemos e com o tempo que não vivemos e outras coisas blé blé blé.
Que demos cambalhotas e piruetas e fazemos todo o tipo de palermices e bló bló bló.
Que engolimos espadas e cuspimos fogo e glú glú glú.
Apesar da confessa luxúria, há algo que me ocorre pedir-vos. Algo que convoca o vosso estatuto de testemunhas.
Num certo momento do passado desta peça, a criatividade necessitou de um impulso subtil ao qual desconhecíamos a forma de responder.
Nessa altura escrevi para os actores um pequeno texto que a seguir transcrevo.








olá meus queridos actores

nunca nada é de vez, nem para sempre, nem talvez o nada de sermos assim devemos poder guardar
ou talvez seja melhor dizer que é necessário exibirmos as nossas capacidades de espanto.
todos e sempre nos podem espantar com a sua prestação neste mundo
basta colocar os pés daquela maneira especial que nos encanta
mover o braço com a graciosidade do animal que nos habita quando ataca
falar, dizer, soar, com a beleza da luz a rasgar os corpos e tudo o que era trevas que travava a nossa ligação com alguma coisa que se tornou de novo indefinida e deliciosa para o bem estar retornar por instantes para dentro de cada um de nós o espírito sobrevoar o telhado interior da alma
pousar nas asnas da casa desfazendo o pó longamente acumulado por ali
naqueles sítios em que ninguém chega nem sequer as mulheres e nesses delicados momentos de êxtase o nosso braço o melhor instrumento da nossa vontade depois das nossas mãos depois do olho que abraça o mundo por entre o ar e as pedras nesses instantes infinitos todos nós sermos outra coisa e não raiva outra coisa e não amor nem amizade nem indiferença qualquer outra coisa que ninguém sabe o que somos mas não somos nós nem o outro de que tantos falam e desejam somos um desfazer um perder-se em abandono até se desfazer de novo tudo em brilhos e cacos e os nossos olhos chorarem de sermos tanto e assim e apenas e nada
Um pedido: olhem para todos os actores e artistas em busca desse momento de espanto e medo.
Procurem, indaguem e exijam dos espectáculos momentos infinitamente difíceis de entender e de serem alcançados. Apoiem-nos e derrotem-nos com o vosso querer e a ambição do vosso olhar.
São eles, os actores, quando falham e quando acertam, o principal motivo desta nossa reunião.
É a eles que devemos tudo: a exigência, a vénia, o desprezo e a adoração.
Nestes momentos é para eles e para vocês, que desejo ter feito talvez
bons espectáculos

JGM
Dezembro de 2009


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O Banqueiro Anarquista / RTP1 / 11-12-2009 - 09:57

Um projecto Companhia JGM


Encenação – João Garcia Miguel
Texto – O Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa
Adaptação Dramatúrgica e outros textos - João Garcia Miguel
Interpretação – Anton Skrzypiciel, Ana Rosa Abreu, Isa Araujo, João Pedro Santos e Sara Ribeiro
Movimento – Anton Skrzypiciel Música Original – Steve Bird
Realização Vídeo – HOW by Rui Gato Edição e Operação Vídeo – João Faustino
Figurinos – Lidija Kolovrat Cenografia – João Garcia Miguel, Luís Bombico e Rui Gato Assistência à encenação – Rui Viola Construção de Cenografia – Pedro Santos e Mantos Desenho de Luz – Luís Bombico Direcção Técnica – Várias Cenas Lda Operação Legendagem – Nuno Correia Fotografia – Márcio Silva
Produção Executiva – Marta Vieira Assistência Produção – Solange Carvalho Web design – Mantos
Co-Produção – JGM Teatro Maria Matos Apoio - Teatro-Cine Torres Vedras Camara Municipal Torres Vedras
Estrutura financiada - MC Dgartes Fundação Calouste Gulbenkian
JGM é um artista associado do Espaço do Tempo
Estreia – 10 de Dezembro na sala principal do Teatro Maria Matos


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